sexta-feira, 27 de novembro de 2009

PUBLICIDADE EXALTAÇÃO

Vejam, um exemplo de matéria jornalística, com a "falsa" intenção de informar, porém atacando:


"Publicidade-exaltação" invade os comerciais de TV

Propaganda enaltece firmeza do país na crise e a capacidade de superação dos brasileiros. Novas peças publicitárias de empresas públicas e privadas usam governo Lula como garoto-propaganda e falam até em "momento de ouro"

MARCIO AITHDA REPORTAGEM LOCAL - Folha de S. Paulo (23/11/2009)

Empresas aproveitam a popularidade do presidente Lula e o momento econômico favorável para fazer do governo seu garoto-propaganda.Ambev, GM, Bradesco, Vale e Embratel produziram comerciais de televisão recentes enaltecendo a firmeza do país na crise, a capacidade de superação dos brasileiros, a harmonia entre o público e o privado e a relevância do país no mundo.O Brasil é o país "da iniciativa privada em equilíbrio com o setor público", diz a campanha televisiva "Presença", do Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro.

"Há dez anos, quem poderia imaginar a gente emprestando dinheiro para o FMI?", lembra o anúncio televisivo do carro Aprile, da Chevrolet/GM."A crise foi passageira", avisa comercial da maior siderúrgica do mundo, a Vale."O Brasil vive um momento de ouro", exalta o comercial da Brahma, marca da Ambev.

Para as empresas e publicitários envolvidos nos comerciais acima, trata-se de uma estratégia legítima, lógica e antiga (leia texto nesta página).De fato, não é a primeira vez que o setor privado exibe o otimismo do momento em campanhas publicitárias.Do milagre econômico da ditadura -quando a Volkswagen exibiu um fusca desbravando o país da rodovia Transamazônica- às tentativas de estabilização da economia, várias campanhas seguiram essa linha.O problema é distinguir marketing da simples adulação -em outras palavras, se o produto anunciado é o governo.

No passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) condenou toda a ex-diretoria da Petrobras em razão dos gastos da empresa com campanhas publicitárias mostrando os benefícios do Plano Real. A questão fica menos óbvia quando os comerciais envolvem companhias 100% privadas com interesses no governo ou aquelas nas quais o Estado detém participação acionária.O caso mais emblemático é o da Embratel, empresa de telefonia e de transmissão de dados adquirida em 1998 pelo grupo empresarial do bilionário mexicano Carlos Slim.Em julho, a empresa veiculou um anúncio destacando um programa oficial para fornecer acesso à internet para escolas e centros comunitários em que a rede convencional não chega.

"Por iniciativa do Ministério das Comunicações, que executa o maior programa de inclusão digital da América Latina", informava o comercial. A empresa diz ter apenas creditado, no comercial, a autoria da iniciativa a quem a formulou -o governo, que a contratara para executar o programa.São menos óbvias as implicações e motivações das campanhas de empresas como a Vale, o Bradesco, a Ambev e a GM.

Criador do comercial do Bradesco, Alexandre Gama, presidente da agência Neogama/ BBH nega motivação política."O Bradesco é o banco mais associado à base da pirâmide social, a mesma base cuja ascensão está na raiz da recuperação econômica do país", afirma Alexandre Gama.Curiosamente, no mês passado, o Bradesco foi pressionado a demitir o executivo Roger Agnelli da presidência da Vale -companhia da qual o banco é acionista e cuja campanha na TV também celebra o fato de o país ter escapado da turbulência internacional.As pressões contra Agnelli decorreram justamente da falta de sintonia, alegada pelo presidente Lula, entre a política de investimentos da Vale e as prioridades do governo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Alberto Luiz Fonseca
De Sidney, Austrália

Aqui nesta coluna, na semana passada, tive a oportunidade de comentar sobre a recente visita do professor brasileiro Pedrinho Guareschi à Austrália. Não dei, porém, os fatos, pois semana passada o assunto era outro.

Hoje, porém, vamos a eles.
No último dia 4 de fevereiro, aconteceu o Seminário "Paulo Freire: Education and Liberation", organizado pelo centro de estudos latino-americanos da Universidade Nacional da Austrália, ou ANU, como é mais conhecida por aqui.
A ANU, para quem não sabe, está entre as 20 melhores universidades do mundo! E tem sede aqui em Camberra, capital da Austrália.
Na abertura do evento, o professor John Minns, diretor do centro latino-americano, ao dar boas-vindas ao público presente, lembrou ser aquele o primeiro seminário exclusivamente dedicado a Paulo Freire na Austrália.
Em seguida, convidou Pedrinho Guareschi, palestrante principal do Seminário, a fazer sua apresentação.

A plateia pode então conhecer, pelas palavras de Pedrinho, um pouco da obra e da vida de Freire, esse brasileiro de fé e valor, que sempre acreditou na educação, sobretudo dos menos favorecidos, analfabetos, como força libertadora.

Como não podia deixar de ser, os conceitos e ideias revolucionários de Paulo Freire, expostos com clareza por Pedrinho, despertaram o interesse e a curiosidade de plateia. A qual, deve-se notar, era na maioria de estudantes, mas de várias nacionalidades, sobretudo australianos e asiáticos.

Na continuação do programa do seminário, que se estendeu por dois dias, outros professores fizeram palestras sobre temas ligados à obra de Paulo Freire.
Interessante, por exemplo, saber que a professora Anne Hickling-Hudson, jamaicana que mora na Austrália há muitos anos (é professora da ANU), conheceu e trabalhou com Freire num workshop educacional durante a revolução na Ilha de Granada, em 1980, antes da invasão dos Estados Unidos...
Ou, então, a palestra da Professora Gerda Roelvink, da Nova Zelândia, que participou do Fórum Social de Porto Alegre em 2005. E essa participação transformou-se em tema de doutorado.

No dia 10, terça-feira passada, o padre Pedrinho Guareschi voltou a falar ao público australiano em grande auditório localizado no belíssimo campus da ANU. Desta vez, sobre a Teologia da Libertação.
Depois da palestra, John Minns mostrou o filme mexicano "O Crime do Padre Amaro", no qual um dos personagens é um padre católico praticante da Teologia da Libertação.

Mais uma vez, foi grande o intersse da platéia, que pode aprender e conhecer um pouco como se desenvolveu aquele importante movimento católico na América Latina.

Fica, assim, ao Pedrinho, bem como a outros brasileiros estudiosos e de bom coração que saem pelo mundo a divulgar aspectos importantes da cultura brasileira, o respeito e a homenagem desta coluna. E... aquele abraço!

Alberto Luiz Fonseca, mineiro e diplomata, serve atualmente na Embaixada do Brasil em Sidney, Austrália. Filho de pais músicos, foi fundador do "Café com Letras", conhecido café e livraria de Belo Horizonte.
Opiniões expressas aqui são de exclusiva responsabilidade do autor e não necessariamente estão de acordo com os parâmetros editoriais de Terra Magazine.

Reprodução
As ideias do educador Paulo Freire despertam interesses em plateia internacional

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Paulo Freire: "o Andarilho da Utopia"

A Unesco constata a existência de 700 milhões de adultos que não sabem ler nem escrever. Para o Fundo das Nações Unidas para a Educação, esta é uma situação que tem implicações potencialmente explosivas para a paz e prosperidade mundiais.

A utopia de Paulo Freire é uma das esperanças do mundo para reverter esta situação. A crença de Paulo Freire na força do diálogo como ferramenta essencial de transformação de homens e mulheres por meio da educação, traduz o desejo da Radio Nederland de se aproximar ainda mais de suas parceiras no Brasil, através de projetos especiais, que visam sobretudo o desenvolvimento humano.

O especial Paulo Freire, Andarilho da Utopia, é dividido em cinco blocos e traz depoimentos de colaboradores, familiares e do próprio Paulo Freire. Da segunda metade da década de 40 à morte de Paulo Freire em 1997, a série retrata não apenas a vida do educador brasileiro, mas também mostra o Brasil dos últimos 50 anos. As inúmeras inserções de sons de época, situam o ouvinte em vários momentos da recente história do Brasil.

Rádio cinematográfica
André Barbosa, diretor geral deste especial, quis realizar o que chama de "Rádio Cinematográfica", introduzindo no documentário mecanismos utilizados nos filmes de ficção. Enriquecem a produção a trilha sonora de Homero Lotito e a participação da dupla de sertanejos nordestinos, Sebastião e José Francisco, que trabalhou com o educador brasileiro no momento em que este era Secretário de Educação da cidade de São Paulo.

O especial Paulo Freire, Andarilho da Utopia tem a locução de André Barbosa e Telma Feher e foi desenvolvido em parceria com a Criar - Assessoria de Comunicação de São Paulo, com o apoio da Universidade de São Paulo e do Instituto Paulo Freire, entre outras instituições.

Esta foi o primeiro projeto em regime de co-produção que a Radio Nederland realizou com uma instituição brasileira e foi lançado em 1999.

Programa 1
Paulo Freire, infância e adolescência no Estado Novo. Entre Lenin e Jesus Cristo. Clique e ouça.

Programa 2
O Brasil dos anos 50: do campo à industrialização. Brasil, campeão mudial de 58. O método de alfabetização de Paulo Freire. Clique e ouça.

Programa 3
Início dos anos 60: uma revolução pedagógica nasce em Angicos. 1964: os militares tomam o poder. Prisão e exílio de Paulo Freire. Clique e ouça.

Programa 4
No exílio, o trabalho pedagógico continua. No Brasil: AI-5, repressão, copa do mundo de 70 e anistia. Clique e ouça.

Programa 5
A volta: Paulo Freire, secretário municipal de Educação de São Paulo. O reconhecimento internacional. A morte. O legado. Clique e ouça.

Fonte: Rádio Nederland (Holanda): http://www.parceria.nl/brasil/





domingo, 25 de maio de 2008

COMO NASCEU O CENTRO DE EDUCAÇÃO

A história do Movimento de Alfabetização, confunde-se com a história e fundação do Centro de Educação da Zona Leste.

O Movimento de Alfabetização na Zona Leste de São Paulo, teve seu início no ano de 1987, quando um grupo de pessoas na região, lutavam por melhores condições de ensino e contra as "taxas abusivas" cobradas pelas escolas de 1º e 2º graus.

Inicialmente o movimento se compôs de 45 núcleos (salas), de alfabetização espalhadas por toda Zona Leste II, sendo que a grande maioria estava concentrada no bairro de Ermelino Matarazzo. Nesse período o Movimento contava com assessoria pedagógica do CEDI - (Centro Ecumênico de Divulgação e Informação), no decorrer do tempo, foi-se compondo uma equipe pedagógica do próprio grupo, que contava com supervisores e um coordenador pedagógico. Nesse período o Movimento contava com apoio financeiro da Fundação Educar.

Esse mesmo grupo de pessoas da região, que em 1987 travaram a luta pela por melhores condições de ensino, no dia 27 de Agosto de 1988 - fundam o CENTRO DE EDUCAÇÃO DA ZONA LESTE, entidade sem fins lucrativos, que tem como proposta levar essa bandeira de luta, a toda população excluida da Zona Leste de S. Paulo

No ano de 1989, com a entrada do educador Paulo Freire na Secretaria Municipal de Educação - teórico em que apoiamos nossos prossupostos, foi possível discutirmos algo que viesse atender e ampliar as nossas convicções e ansiedades. O Movimento adquiriu grandes dimensões e se incorporou no MOVA-SP, (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos da Cidade de São Paulo). O MOVA-SP passou a se configurar como um programa educacional desenvolvido pela inciativa conjunta da Prefeitura e de organizações populares de base local, assumindo a corresponsabilidade de Estado e sociedade civíl no enfrentamento do grave problema do analfabetismo.

À partir de 1991, ampliou suas modalidades de atendimento, passando a oferecer, além da alfabetização, serviços de pós-alfabetização, (correspondente às quatro primeiras séries do 1º grau). Os níveis de cobertura do programa se ampliaram rapidamente, atingindo em junho de 1992, 18.766 alunos, em cerca de "mil núcleos", distribuídos por todas as regiões do município e formados por organizações de base local de diversos tipos: associações de moradores, centros comunitários, obras sociais, igrejas, associações culturais, esportivas, de mulheres, de educadores, de operários, de direitos humanos.

O MOVA-SP é um programa de grandes dimensões, voltado para a população de baixa renda e, por isso, mais excluida do direito à escola. A localização dos núcleos apresenta grande capilaridade, atingindo os locais mais afastados, onde poucos órgãos públicos do Estado se fazem presentes. Responde, portanto, à proximidade do local de moradia dos alunos, fator essencial para a garantia da frequência.